Às vezes em casa de amigos ou familiares (bons velhos tempos onde ir a casa deles era possível…mas adiante) costumam oferecer-me um biscoito ou outra coisa qualquer e o comentário “não dês isso à Márcia que ela não pode comer!” vem logo a seguir, às vezes (muitas) com um tom de pânico. Amigos, não é que eu não possa comer, eu não desenvolvi nenhuma alergia manhosa a leite, ovos ou carne de repente que basta cheirar um pastel de nata para que o cronómetro comece a contar e 30 segundos depois eu entre em combustão. Calma, não é isso. Eu DECIDI não comer essas coisas, uma escolha, uma opção minha. Podem dizer “não dês isso à Márcia que ela não come”, pronto, melhor. Nada de pânicos, estamos só a assimilar um facto.
O veganismo é isto, um estilo de vida em que escolhemos não participar, tanto quanto possível, no consumo de produtos que envolvam o sofrimento de animais, seja naquilo que comemos, que vestimos, calçamos, produtos de beleza, limpeza, ir a circos, zoos, touradas, etc. Ser vegan não é o mesmo que ter uma alimentação à base de vegetais. O vegan tem uma alimentação exclusivamente baseada em vegetais (o que não quer dizer sempre que seja super saudável, com a quantidade de gelados e bolos vegan que há), porém, alguém que tem uma alimentação à base de vegetais não é necessariamente vegan, se incluir produtos animais de vez em quando e se não ligar as outras coisas que não a alimentação, como mencionei.
Ser vegan não é fazer parte de uma seita ou religião esquisita, com rituais ocultos, com palavras secretas. É sim ter uma filosofia e modo de vida que vão de encontro ao que referi, poupar os animais, assim como o meio ambiente e a nós mesmos. Sim, de facto comer um hamburguer vegan ao invés de um de vaca ou galinha irá poupar muito mais água e emitir menos gases nocivos ao meio ambiente, menos desflorestação… vocês sabem, eu sei que sabem.
Ser vegan é ler a lista de ingredientes das coisas todas no supermercado…várias vezes. É ir a pastelarias em Portugal e só ter como opção para comer um papo seco sem nada ou um pacote de batatas fritas (em geral), mas pra nós não faz mal, porque sabemos aquilo que um éclair ou um rim representam. É ir a restaurantes e comer uma salada mista com batatas fritas porque nem a sopa é adequada (raios parta os caldos de galinha). É ter que aceitar que muitos amigos, familiares, conhecidos, não nos percebem e torcem o nariz pois pode ser uma maçada ter que pensar no que cozinhar pra nós. Ser vegan é ficar tão feliz por ver opções vegan no supermercado, como por exemplo no último Natal ver bolo rei para nós! E ficar tão feliz quando esses mesmos amigos e familiares fazem um esforço e até cozinham umas coisas vegan para nós ou escolhem um restaurante com opções vegan, ou melhor, eles mesmos escolherem a opção vegan. Ser vegan é saber que o Natal e a Páscoa são alturas tramadas… por um lado queremos muito ver os nossos entes queridos, por outro, sabemos que vamos ver uma mesa recheada de comida, mas que na realidade para nós é ver o sofrimento de muitos perus, galinhas, vacas, carneiros, etc…tudo junto. É ver as pessoas que amamos a açambarcar isso tudo, e mantermos um sorriso nos lábios. Ser vegan é respeitar gatos, cães, porcos, galinhas, pombos, bacalhaus…todos da mesma forma- todos têm direito à vida.
Ser vegan é ter uma filosofia de vida altruísta, é querer o bem do próximo acima de tudo. Sim, não há bela sem senão e há por aí alguns vegans que nos deixam mal, que em vez de educar são rudes e dizem coisas sem sensibilidade. Lá no fundo eles também querem o bem, não sabem é muito bem como o fazer, como educar. Fiquem descansados, eu não sou assim. No final das contas, criei esta página para desmistificar o veganismo, para perceberem que não é um bicho de sete cabeças. E claro, vou partilhar aqui receitas bem catitas e assim a minha família e os meus amigos (vocês sabem quem são) não têm desculpa da próxima vez que tiverem que cozinhar pra mim ☺
Plant Based Portuguese 